Além dele, outras duas pessoas investigadas pela PF estão foragidas: Nelcides de Almeida Mello e Filipe José da Silva Galvão. Operação Forja de Hefesto cumpriu mandados em Boa Vista, Ariquemes, em Rondônia, e Ribeirão Preto, em São Paulo.
Alvo de mandado de prisão preventiva pela Justiça Federal, o ex-deputado Jidalias dos Anjos Pinto (o Tiziu), de Rondônia, é considerado foragido pela Polícia Federal (PF). Ele é investigado pela operação Forja de Hefesto, deflagrada nesta quinta-feira (14), que mira um esquema de venda de cassiteria extraída ilegalmente da Terra Indígena Yanomami para empresas multinacionais.
A Rede Amazônica Roraima apurou que o ex-parlamentar é investigado por organização criminosa, lavagem de dinheiro e usurpação de patrimônio da união. Ele seria dono de maquinários que operam no território Yanomami. O g1 tenta contato com a defesa dos investigados.
Jidalias é empresário de Ariquemes (RO) e conhecido político da região. Ele foi deputado estadual de Rondônia entre 2007 e 2010. Em 2021, ele foi baleado com três tiros durante um assalto com tentativa de sequestro em Boa Vista.
Além dele, outras duas pessoas investigadas pela PF estão foragidas: Nelcides de Almeida Mello, administradora de uma mineradora de Rondônia que operava ilegalmente no território indígena, e Filipe José da Silva Galvão, suspeito de ser sócio do ex-deputado.
Em 2021, Filipe José foi preso em flagrante "fazer funcionar atividade de garimpo sem autorização do órgão ambiental competente". À época, ele estava em um hangar apontado como ponto de apoio ao garimpo ilegal na Terra Yanomami.
O local pertencia ao empresário Rodrigo Cataratas, de 46 anos, que no ano seguinte foi indiciado por suspeita de crime ambiental, crime contra a ordem econômica e posse e comercialização ilegal de munição de arma de fogo. Suspeito de financiar exploração de ouro na Terra Yanomamil, ele teve seis pedidos de prisões negados pela Justiça Federal.
Dos quatro mandados de prisão expedidos pela 4ª Vara da Justiça Federal de Roraima nesta quinta-feira (14), apenas um foi cumprido. A Justiça determinou ainda o bloqueio de R$ 240 milhões dos investigados.
Operação Forja de Hefesto
PF cumpre mandado em Boa Vista (RR) durante operação contra venda de cassiterita da Terra Yanomami — Foto: Polícia Federal
A operação Forja de Hefesto foi deflagrada nesta quinta-feira (14) e tem como objetivo ampliar as investigações e desarticular o esquema de financiamento e exploração de garimpo ilegal no território Yanomami.
As investigações identificaram transações financeiras relacionadas à venda de cassiterita extraída ilegalmente da TIY para um dos maiores produtores mundiais de estanho. A operação cumpriu quatro mandados de prisão e sete de apreensão em Boa Vista, Ariquemes, em Rondônia, e Ribeirão Preto, em São Paulo.
Em cinco meses, no ano de 2021, uma empresa investigada comprou mais de R$ 166 milhões em cassiterita de uma mineradora que operava ilegalmente no território indígena, segundo a PF.
Além disso, a empresa compradora, que atua no ramo de fundição do minério, "deliberadamente ou por negligência", não investigou a origem da cassiterita que ela comprava. O minério foi comprado de uma mineradora com matriz em Rondônia e filial em Roraima, onde não há garimpos legais.
Após a venda, a cassiterita era processada e exportada, sendo adquirido por grandes multinacionais e até as "big techs".
Outros investigados são suspeitos de serem os responsáveis por maquinários em garimpos ilegais dentro da Terra Yanomami, e também de vender a cassiterita extraída ilegalmente a intermediários responsáveis por "lavar" o minério com o uso de empresas que possuem lavras regulares em outros estados.
A Justiça determinou a suspensão das atividades da mineradora, que possui mais de 150 processos minerários, inclusive para pesquisa e exploração de minérios. As investigações seguem em andamento.