Alvo de críticas, vereador retirou assinatura do requerimento de criação de CPI que mira o sacerdote
Thammy Miranda e padre Julio Lancellotti Foto: Reprodução / Instagram
O vereador Thammy Miranda (PL) e o padre Julio Lancellotti apareceram juntos em uma live, nas redes sociais, após a tentativa de criação de uma CPI que mira o religioso na Câmara Municipal de São Paulo. Thammy havia assinado o requerimento feito pelo vereador Rubinho Nunes (União Brasil). Contudo, o vereador anunciou, nesta quinta-feira (4), que estava retirando o apoio após ser alvo de muitas críticas nas redes sociais.
O documento assinado por Thammy e outros vereadores não citava investigações contra o padre, o que foi depois verbalizado por Rubinho Nunes em entrevistas e nas redes sociais.
– Muito obrigado pelo apoio nesse momento tão difícil. Quando eu assinei a CPI, em nenhum momento foi citado o nome do senhor – disse Thammy, reforçando que “jamais teria assinado” algo nesse sentido.
Thammy afirmou ainda que o trabalho que o religioso faz, de ajudar as pessoas, é também o que ele faz. Na transmissão, o vereador aproveitou para pedir que seus seguidores ajudem em uma vaquinha que o padre está fazendo para ampliar os serviços de ajuda à população de rua e ofereceu também, ele próprio, ajuda financeira.
– As pessoas que me seguem vão ajudar o senhor a fazer esse trabalho tão bonito que o senhor faz – completou.
Padre Julio agradeceu pelo que chamou de “gentileza e transparência” de Thammy Miranda.
– Importante que mesmo que nos joguem em posições falsas, antagônicas, nós somos capazes de romper essas barreiras – declarou.
RETIRADA DE NOMES DA CPI
Além de Thammy, ao menos mais três vereadores anunciaram que retiraram o apoio à iniciativa, após a divulgação do nome dos vereadores que assinaram o documento.
A CPI articulada na Câmara de São Paulo tem por objetivo investigar organizações não governamentais (ONGs) que atuam na Cracolândia, região central de São Paulo. O autor da proposta, vereador Rubinho Nunes (União Brasil), prevê que a comissão será instaurada em fevereiro, após o recesso parlamentar. Segundo ele, o padre Julio Lancellotti será um dos principais alvos da CPI das ONGs.
Rubinho acusa as organizações de promoverem uma “máfia da miséria”, que “explora os dependentes químicos do centro da capital”. Segundo ele, essas organizações recebem dinheiro público para distribuir alimentos, kit de higiene e itens para o uso de drogas, prática conhecida como política de redução de danos, à população em situação de rua, o que, argumenta ele, gera um “ciclo vicioso” no qual o usuário de crack não consegue largar o vício.
O sacerdote diz que seus trabalhos estão vinculados à Ação Pastoral da Arquidiocese de São Paulo, que, por sua vez, “não se encontra vinculada, de nenhuma forma, às atividades que constituem o objetivo do requerimento aprovado para criação da CPI em questão”.
O padre Julio Lancellotti afirma que se trata de uma ação legítima quando se instala uma CPI para investigar o uso de recursos públicos pelo terceiro setor. Ele acrescenta que não faz parte de nenhuma organização conveniada à Prefeitura de São Paulo, mas, sim, da Paróquia São Miguel Arcanjo.
*AE
da redação FM Pleno News