Serviço está previsto em licitação de comunicação digital da Secom, que custará R$ 200 milhões; empresas vencedoras serão anunciadas nesta quarta
Como publicamos no último dia 17, trata-se da maior licitação da história da Esplanada para o setor de comunicação. Quatro agências ou consórcios serão escolhidos entre 24 licitantes. A proposta não leva em consideração o menor preço, e sim a melhor técnica. Cada uma teve que propor uma campanha para combater a desinformação e as fake news.
O certame inclui 14 serviços divididos em 77 produtos. O uso da inteligência artificial será implementado na análise de “emoções” e “sentimentos” dos brasileiros nas redes sociais.
Essa é a parte mais cara do contrato — R$ 71,5 milhões, ou 36% do valor total. Ela prevê o monitoramento de tópicos a partir de comentários em diversos idiomas (português, espanhol, inglês, francês, alemão, italiano, japonês e mandarim) nas mídias sociais.
A previsão é que as vencedoras façam a coleta e a análise de até 20 milhões de menções aos assuntos monitorados pelo governo.
Segundo o edital da concorrência, estes dados servirão para a formação de “dashboards” (ferramenta de gestão com índices e métricas) e “relatórios, análise e acompanhamento de campanhas promovidas pela Secom”.
Internamente, a concorrência da Secom tem sido tratada como uma espécie de “bala de prata” do governo diante da tendência de queda da popularidade de Lula refletida pelos principais institutos de pesquisa.
Segundo a última pesquisa da Genial/Quaest, a avaliação negativa da gestão Lula subiu cinco pontos percentuais (34%) e encostou na positiva (35%), patamar mais alto desde sua posse.
Auxiliares palacianos de Lula têm atribuído essa queda – que se mostrou mais acentuada entre evangélicos e, em menor grau, mulheres – a falhas na comunicação institucional.
O próprio ministro da Secom, Paulo Pimenta, vê a atuação do governo do PT nas redes como um calcanhar-de-aquiles, como deixou claro em uma entrevista à GloboNews no último dia 29.
“A licitação está em fase final e a partir do mês de maio, no máximo, o governo vai ter uma ferramenta nova que vai permitir essa agilidade [na resposta às redes]”, afirmou Pimenta. “Eu tenho a expectativa de que com o [contrato] digital a gente vai dar um salto grande de qualidade”.
A concorrência, primeira do gênero nesta gestão de Lula, tem mobilizado a área em função do tamanho do contrato e chamado a atenção pelo fato de a escolha ser apenas pelo critério de melhor técnica no lugar de melhor preço, como é de praxe em outros tipos de licitação.
Questionada sobre a opção, a Secom alegou que se trata de uma “proposta de cunho intelectual”, o que atenderia aos requisitos previstos pela Lei das Licitações de 2010 e acórdãos do Tribunal de Contas da União (TCU) e também por uma instrução normativa adotada pelo Ministério da Cultura de Lula em 2023.
Também perguntamos quais foram os parâmetros adotados para determinar os valores de cada serviço previsto pela concorrência, como a chamada “análise de sentimentos” com auxílio de inteligência artificial.
A Secom afirmou que os preços unitários foram definidos “por meio de pesquisa de mercado” e pela comparação com cifras de produtos e serviços já contratados pelo governo federal. O órgão também ressaltou se tratar de um contrato executado sob demanda – ou seja, os aportes dependerão dos serviços prestados pelas vencedoras.
Fonte: O GLOBO
da redação FM Alô Rondônia