Por Malu Gaspar e Rafael Moraes Moura — Rio e Brasília
Porto Velho, Rondônia - A disputa pela sucessão de Rodrigo Pacheco (PSD-MG) na presidência do Senado Federal já movimenta os bastidores da Casa, com um acerto firmado entre o senador Renan Calheiros (MDB-AL) e o atual presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), Davi Alcolumbre (União Brasil-AP).
Segundo relatos obtidos pela equipe da coluna, Renan se comprometeu a não concorrer pela sucessão de Pacheco e sinalizou que vai endossar a candidatura de Alcolumbre, que já chefiou o Senado de 2019 a 2021.
Em troca, Alcolumbre se comprometeria a facilitar a liberação de emendas para o Ministério dos Transportes, comandado por Renan Filho, filho do senador, para facilitar a execução de obras com potencial eleitoral. Renan, em contrapartida, ganharia apoio para disputar o comando da Casa em 2027.
“Não postulo, não vou ser candidato, mas o MDB ainda vai deliberar o que fazer”, disse Renan à equipe da coluna, ao ser questionado sobre o acerto.
Em 2019, Renan chegou a disputar a presidência do Senado contra Alcolumbre, mas retirou a candidatura após alegar falta de legitimidade no processo – na época, havia pressão para que os senadores declarassem abertamente o voto, ainda que o pleito fosse secreto, com a utilização de cédulas de papel. Renan chamou o procedimento de “não democrático”.
Alcolumbre, por sua vez, tentou disputar a reeleição na mesma legislatura, em 2021, mas foi impedido pelo Supremo Tribunal Federal (STF) – e acabou apoiando Pacheco.
A votação para definir o sucessor de Pacheco só ocorrerá em fevereiro de 2025, mas, até lá, a estratégia do grupo do presidente do Senado é não dividir os votos da base aliada, que reúne cerca de 50 parlamentares, para não abrir margem para um candidato da base bolsonarista.
Em fevereiro do ano passado, Pacheco foi eleito com 49 votos, ante 32 votos do senador Rogério Marinho (PL-RN), cuja candidatura foi abalada com a invasão e a depredação da sede dos Três Poderes, inclusive do Congresso Nacional, por parte de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro.
A sucessão no Senado também é acompanhada com lupa por integrantes do Supremo, já que é na Casa onde tramitam os pedidos de impeachment contra ministros.
Apesar de contar com o apoio do governo Lula, Alcolumbre tem dado sinais que contrariam os interesses do Palácio do Planalto e o ajuste fiscal defendido pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
Na semana passada, a CCJ aprovou uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que cria um novo benefício salarial para juízes, magistrados e promotores, que teriam um aumento de 5% no salário a cada cinco anos de serviço público.
Pelas contas do Ministério da Fazenda, o prejuízo anual às contas públicas pode chegar a R$ 42 bilhões com a medida, dependendo do número de categorias atendidas.
Fonte: O GLOBO
da redação FM Alô Rondônia