Segundo relatório, 30 mil pessoas foram contaminadas com HIV e hepatite C após transfusões
O governo e o sistema de Saúde Pública do Reino Unido “encobriram” durante décadas um escândalo de transfusão de sangue contaminado no país, depois que as vítimas foram expostas a riscos “inaceitáveis”, segundo relatório divulgado nesta segunda-feira (20). As transfusões com sangue contaminado supostamente infectaram mais de 30 mil pessoas com HIV e hepatite C.
A investigação, conduzida durante cinco anos pelo ex-juiz Brian Langstaff, constatou, de acordo com as conclusões divulgadas nesta segunda, que as infecções e mortes de pacientes não foram um “acidente”, mas “amplamente evitáveis”.
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O ex-magistrado responsável pelo inquérito afirmou que o desastre do sangue infectado “continua a acontecer” até hoje, com alguns dos pacientes afetados “ainda morrendo toda semana”.
Entre as falhas encontradas, havia alegações de que as autoridades de saúde foram “muito lentas” para responder aos riscos e uma “falha no regime de licenciamento” foi identificada em importações (de doadores dos Estados Unidos) que foram “entendidas como menos seguras do que os tratamentos domésticos”.
– O sistema de doação inepto e fragmentado em vigor no Reino Unido à época significava que havia falhas na garantia de um suprimento suficiente do chamado Fator VIII de doadores britânicos – segundo o documento.
Há também evidências de que as crianças foram tratadas “desnecessariamente” com métodos “inseguros” e algumas foram usadas como “objetos de investigação”, com os riscos de contrair hepatite e HIV sendo ignorados em uma escola onde os alunos eram tratados para hemofilia.
Em relação ao caso, que ocorreu no internato Lord Mayor Treloar College em Hampshire, na Inglaterra, nas décadas de 70 e 80, “pouquíssimos (dos alunos tratados) escaparam da infecção” e dos 122 alunos com hemofilia que frequentaram a escola entre 1970 e 1987, apenas 30 ainda estão vivos, de acordo com o relatório.
O escândalo se originou durante as décadas citadas, quando milhares de pessoas que precisavam de transfusões de sangue e medicamentos para hemofilia no Serviço Nacional de Saúde (NHS) foram expostas a sangue contaminado com HIV, hepatite B, C e doenças virais crônicas devido à falta de testes das doações.
O sangue contaminado com hepatite C continuou a ser usado até 1991, dois anos depois que o vírus foi formalmente identificado.
Mais de 30 mil pacientes podem ter sido infectados e, ao longo dos anos, cerca de 2.900 adultos e crianças morreram como resultado de um dos maiores desastres de saúde da história do país.
Na década de 70, foi introduzido um novo tratamento para hemofilia que exigia uma grande quantidade de reservas de sangue, forçando o Reino Unido a importá-lo dos EUA, onde os doadores – muitos deles de grupos de risco, como viciados em drogas, profissionais do sexo e prisioneiros – eram pagos pelo sangue.
*EFE