Enem, espanhol obrigatório, EaD: entenda as mudanças no Novo Ensino Médio que levaram o projeto de volta à Câmara

Enem, espanhol obrigatório, EaD: entenda as mudanças no Novo Ensino Médio que levaram o projeto de volta à Câmara

 

Após acordo com o governo, relatora Professora Dorinha alterou o texto elevando a formação geral básica para 2,4 mil horas




Porto Velho, Rondônia - O Senado aprovou na noite de ontem o projeto de lei que regulamenta o Novo Ensino Médio, a partir de um substitutivo apresentado pela relatora do texto na Casa, Professora Dorinha (União-TO). Por causa da alteração, o projeto volta para uma nova votação na Câmara, depois de passar por uma série de adiamentos e mudanças, com dificuldade para o Ministério da Educação chegar a um acordo com os parlamentares. A aprovação pelo plenário aconteceu no mesmo dia em que a Comissão de Educação do Senado chancelou a iniciativa.

O principal tema de discordância dizia respeito à carga horária da formação geral básica. No Senado, Dorinha inicialmente definiu que a formação geral básica — a parte do currículo com as disciplinas obrigatórias a todos — seria de 2,2 mil horas. Isso desagradou o governo, que desejava uma carga horária maior. Após negociações com o Executivo, a senadora aumentou a carga horária das disciplinas tradicionais para 2,4 mil — igualando ao patamar que foi aprovado na Câmara — e criou uma regra de transição para o ensino técnico, que atualmente possui 1,8 mil horas.

Veja algumas mudanças:
  • Define que Enem terá como base apenas a formação geral básica
  • Restringe a regra de notório saber que passará a se dar em “caráter excepcional e mediante justificativa do sistema de ensino, conforme regulamentação do Conselho Nacional de Educação e respectivo Conselho Estadual de Educação”
  • Mudou a norma do EaD definindo apenas “casos de excepcionalidade emergencial temporária reconhecida pelas autoridades competente”
  • Restringiu a regra de aproveitamento de atividades extraescolares tirando grêmios, cursos de qualificação profissional e trabalhos voluntários, deixando somente estágio, aprendizagem profissional, iniciação científica e extensão universitária.
Na Câmara, o ministro da Educação, Camilo Santana, chegou a um acordo com o relator, deputado Mendonça Filho (União-PE), mas só depois de passar por vários embates com o parlamentar, que foi ministro da Educação do governo Temer e foi responsável pelo projeto que levou ao modelo adotado atualmente.

— Eu tenho conversado com o deputado Mendonça Filho para que, juntos, possamos aprovar esse texto rapidamente, porque o tempo conta contra. Precisamos ter urgência e organização, porque os sistemas precisam se organizar para o início de 2025 — reconheceu Dorinha, na sessão que aprovou o texto.

Apesar de recuar na carga horária, a relatora manteve mudanças como a obrigatoriedade do ensino da língua espanhola no currículo. Segundo a senadora, a ampliação da carga horária deve ser implementada em 2025 para alunos que cursarem os itinerários — parte do currículo em que o estudante escolhe o que cursar — de aprofundamento das áreas de conhecimento (Linguagens, Matemática, Ciências Humanas e Naturais).

De acordo com o texto, esse acréscimo de 600 horas será de aprofundamento nas áreas do conhecimento propostas na Base Nacional Comum Curricular (BNCC), articuladas às diretrizes de aprofundamento a serem elaboradas pelo Conselho Nacional de Educação (CNE).

Ensino técnico

Para os alunos do ensino técnico, a relatora propõe que a carga horária de formação geral básica cresça a partir de 2025 para no mínimo 2,2 mil horas, com possibilidade de aproveitamento integrado de 200 e 400 horas do tempo dos itinerários nas disciplinas tradicionais.

A partir de 2029, a carga horária total do ensino médio precisaria crescer para esses estudantes, passando de 3 mil horas para 3,2 mil, 3,4 mil e 3,6 mil horas, a depender dos cursos. Nesse formato, o estudante cursaria 2,4 mil horas de formação geral básica mais 800, 1 mil ou 1,2 mil horas de cursos técnicos. Segundo Dorinha, 70% dos cursos técnicos no Brasil possuem entre 1 mil e 1,2 mil horas.

Na segunda-feira, o Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed) publicou uma carta aberta afirmando que deseja a aprovação do projeto, no Senado Federal “nos termos em que foi aprovado na Câmara dos Deputados”. Logo depois disso, a senadora divulgou um novo texto, recuando da diminuição da carga horária da formação geral básica.

O documento do Consed considerou que “o texto da Câmara representa um ponto de equilíbrio entre as diferentes demandas e preocupações dos estados brasileiros e das instituições envolvidas no debate e qualquer modificação substancial, neste momento, apenas atrasará mais a implementação das mudanças no Ensino Médio”.

— O texto da Câmara é o consenso possível dos temas mais polêmicos. Por isso defendemos ele. Como volta para lá, os deputados podem reestabelecer o que foi aprovado. Algumas mudanças do Senado trouxeram preocupações adicionais — afirmou Vitor de Angelo, presidente do Consed.


Fonte: O GLOBO

da redação FM Alô Rondônia

      

Postar um comentário (0)
Postagem Anterior Próxima Postagem
Aos leitores, ler com atenção! Este site acompanha casos Policiais. Todos os conduzidos são tratados como suspeitos e é presumida sua inocência até que se prove o contrário. Recomenda - se ao leitor critério ao analisar as reportagens.