Entrevista: Bolsonaro foi importante, mas direita agora precisa de menos radicalismo, diz Wilson Lima

Entrevista: Bolsonaro foi importante, mas direita agora precisa de menos radicalismo, diz Wilson Lima

 


           Eleito na esteira do bolsonarismo, governador do Amazonas cita o colega de São Paulo, Tarcísio de Freitas, como potencial candidato em 2026

Porto Velho, Rondônia - Aliado de Jair Bolsonaro, o governador do Amazonas, Wilson Lima (União Brasil), afirma que a participação política do ex-presidente foi importante para “reavivar a direita”, mas que agora a oposição precisa de uma alternativa menos “radical” no enfrentamento ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. 

O governador, que citou o chefe do Executivo paulista, Tarcísio de Freitas (Republicanos), como um potencial candidato em 2026, fez um aceno à gestão petista ao reconhecer avanços no combate ao desmatamento, mas criticou a visão do Ministério do Meio Ambiente, que tem Marina Silva à frente.

O União Brasil indicou três ministros no governo Lula, mas vota contra o governo em determinados temas e reúne também aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro, como o senhor. Qual vai ser a escolha em 2026?

Carece de uma discussão mais ampla, de um entendimento entre os membros. A gente tem essa participação no governo federal e precisa entender como isso caminha, não só no Executivo, mas também no Congresso.

O partido é contraditório?

Não. É plural.

Com Bolsonaro inelegível, qual o melhor caminho para a oposição na próxima eleição presidencial?

Essa é uma discussão que temos com as lideranças da direita. Meu alinhamento é com Bolsonaro. O mundo caminha para um processo de pragmatismo. A participação de Bolsonaro foi importante para reavivar a direita. (O bolsonarismo) não enfraquece, mas busca um caminho de centro, de menos radicalismo. O Tarcísio (de Freitas, governador de São Paulo) tem sido um grande exemplo.

Os números mais recentes mostram uma redução no desmatamento. O governo Lula atua melhor nessa área do que a gestão Bolsonaro?

Sim, mas é um esforço conjunto. Na ponta, quem lida são as prefeituras e os estados. O governo federal tem um trabalho, principalmente, de controle de fronteiras. Na gestão passada, tínhamos um problema gravíssimo de comunicação. 

O presidente Bolsonaro não conseguia comunicar de forma correta, mas estava certo no pensamento: não tem como preservar se não gerar oportunidade para as pessoas. O programa mais eficiente de combate ao desmatamento e queimadas é o envolvimento da população com atividades produtivas. Quem entra na floresta para desmatar não é o financiador. Ele vai contratar alguém da região, e o morador tem uma questão de sobrevivência.

Mas a redução do desmatamento foi resultado da fiscalização, não?

Criou-se uma narrativa de que o mais importante nesse processo é a fiscalização. Mas não pode ser a regra. Tem que ser a exceção, porque são ações paliativas. 

Eu preciso gerar oportunidades para as pessoas do Amazonas. Seria interessante para o mundo que a Amazônia estivesse congelada, para manter o padrão de vida dos que moram nos países ricos e deixá-los com a consciência tranquila.

O senhor já disse que não dá para construir um discurso de preservação ao custo de deixar a população sendo "pedinte". Mas há questões concretas, como a ocupação do entorno a partir da construção e pavimentação de estradas...

O grande problema é a narrativa que o governo federal quer criar de preservador. É mais interessante proibir a pavimentação de uma estrada como a BR-319 e ganhar o título de preservador do que enfrentar o desafio de dar acessibilidade para quem mora aqui, com proteção ambiental. 

Ninguém está mais interessado em preservar do que quem mora aqui. No caso da BR- 319, o Amazonas está disposto a dar as condicionantes ambientais para a rodovia. Não tem dificuldade: se quiserem criar reservas ambientais ao redor, colocar limite de peso...

O governo do Amazonas concedeu licença para um projeto de exploração de potássio, o que interessa ao agronegócio. A ministra Marina Silva (Meio Ambiente) é contra. Como está a relação com ela?

Minha relação com a Marina é boa. Mas sabemos a posição do Ministério do Meio Ambiente, que é totalmente contra qualquer atividade econômica no estado, e não interessa se ela é sustentável e ambientalmente correta. 

A mina de potássio de Autazes será a exploração mais verde do planeta. Um navio que sai da Rússia trazendo potássio para o Mato Grosso emite cerca de 600 toneladas de CO². Uma operação de Autazes para o Mato Grosso emitiria 100 toneladas. Não vamos desmatar nenhum hectare.

O Amazonas vai enfrentar um novo período de seca. Como estão se preparando?

Ano passado, as águas baixaram a ponto de as embarcações não entrarem mais em Manaus. Tivemos o problema humanitário, a dificuldade do acesso a alimento e água. Além disso, muitas queimadas acabaram acontecendo, algumas criminosas e outras espontâneas. 

Foi um alerta. Estamos acelerando a instalação de sistemas de abastecimento de água. Já pedi ajuda do governo federal para dragagem dos rios. Também tenho o projeto de usar a verba do Fundo Amazônia, de R$ 45 milhões, para montagem de mais brigadas de incêndio. Pedi ano passado e até agora não saiu.

A Zona Franca de Manaus foi mantida na Reforma Tributária, mas tem prazo de validade. Qual é a alternativa para o desenvolvimento econômico?

Temos um investimento em curso de cerca de R$ 6 bilhões, até 2026, para a construção de três termelétricas. Temos o projeto do potássio, que teve um investimento de R$13 bilhões em quatro anos. E prevemos no prazo de 30 anos a geração 163 milhões de toneladas de crédito de carbono, algo em torno de R$ 3 bilhões.

*A repórter viajou a convite do BID


Fonte: O GLOBO

da redação FM Alô Rondônia

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