Estudo revela que álcool, mesmo em quantidade moderada, aumenta risco de câncer

Estudo revela que álcool, mesmo em quantidade moderada, aumenta risco de câncer

 

Glass of golden rum, with bottle. Bottle pouring alcohol into a small glass. Brazilian export type drink. Brazilian product for export, distilled drink known as brandy or pinga. Day of cachaça.


Foto: Reprodução/ depositphotos.com / robertohunger.



Um novo estudo de grande porte revelou que adultos mais velhos não obtêm benefícios à saúde com o consumo moderado de álcool. A pesquisa, que acompanhou mais de 135.000 indivíduos com 60 anos ou mais durante 12 anos, apontou que até mesmo pequenas quantidades aumentam o risco de câncer e não oferecem vantagens para a saúde cardiovascular.

Não se trata apenas de uma questão de quantidade. Mesmo o consumo leve de álcool foi associado a um aumento nas mortes por câncer entre adultos com mais de 60 anos. O risco é particularmente elevado em indivíduos com problemas de saúde preexistentes ou que vivem em áreas de baixa renda. Confira os principais pontos desta pesquisa que desmistifica antigas crenças sobre o álcool.

Álcool e impacto na saúde

A ideia de que uma taça de vinho por dia pode fazer bem ao coração tem sido amplamente promovida. No entanto, pesquisadores da Universidade Autônoma de Madrid, na Espanha, liderados por Rosario Ortolá, não encontraram evidências de benefícios na mortalidade para consumidores moderados. Pelo contrário, o álcool provavelmente eleva o risco de câncer “desde a primeira gota”.

Os cientistas vêm adotando novas metodologias para analisar os riscos e benefícios do consumo de álcool, tentando corrigir falhas percebidas em estudos anteriores. Grande parte dessa nova pesquisa compara taxas de doenças cardíacas e mortes entre bebedores moderados e bebedores ocasionais, e não abstêmios, como era feito anteriormente.

Quantidades definidas


Nos Estados Unidos e também no Brasil, uma dose padrão equivale a 14 gramas de álcool puro, encontrado em:

  • 350 ml de cerveja
  • 150 ml de vinho
  • 45 ml de destilados

 No estudo, o consumo leve foi definido como uma ingestão média de até 20 gramas de álcool para homens e até 10 gramas diários para mulheres. Isso equivale a:

  • 570 ml de cerveja, 200 ml de vinho ou 60 ml de destilados para homens
  • 285 ml de cerveja, 100 ml de vinho ou 30 ml de destilados para mulheres

 Apesar dos limites definidos, nenhum benefício foi encontrado no consumo leve a moderado em termos de redução de mortalidade.

Consumo de álcool e diretrizes de saúde

As diretrizes dietéticas atuais dos Estados Unidos afirmam que “beber menos é melhor para a saúde do que beber mais”. Adultos com 21 anos ou mais devem limitar-se a uma dose por dia para mulheres e duas para homens nos dias em que consomem álcool.


O uso de álcool aumentou nos Estados Unidos, com mortes decorrentes de consumo excessivo crescendo quase 30% entre 2016 e 2021. No ano passado, o Centro Canadense de Uso e Dependência de Substâncias emitiu uma nova orientação afirmando que nenhum tipo ou quantidade de álcool é benéfico para a saúde.

O que isso significa para idosos?

O novo estudo destacou que, enquanto adultos mais velhos consumidores leves enfrentavam maiores riscos se tivessem fatores de saúde ou socioeconômicos, o consumo de vinho durante as refeições moderava um pouco esses riscos, especialmente de morte por câncer. A razão para isso ainda não está totalmente clara, mas pode estar relacionada à absorção mais lenta do álcool ou outras escolhas de estilo de vida saudáveis.

Os autores sugerem que essas pessoas podem ter uma tolerância reduzida ao álcool ou estarem tomando medicamentos que interagem negativamente com o álcool. No geral, o consumo moderado mostrou-se associado a um maior risco de morte por todas as causas, além de câncer.

Estudo questiona benefícios do álcool

Os resultados desse estudo estão mudando o paradigma da pesquisa sobre o álcool. Embora alguns estudos antigos tenham sugerido benefícios no consumo leve a moderado, a nova pesquisa demonstra que os riscos podem superar quaisquer possíveis benefícios. As diretrizes internacionais estão adotando uma abordagem mais conservadora, refletindo essa crescente preocupação.

  • O Centro Canadense de Uso e Dependência de Substâncias afirma que “mesmo uma pequena quantidade de álcool pode ser prejudicial à saúde”.
  • A Organização Mundial da Saúde (OMS) adiciona que “a maioria dos danos relacionados ao álcool vem do consumo episódico ou contínuo pesado de álcool”.

Portanto, a nova diretriz é clara: beber menos é realmente melhor para a saúde, especialmente para adultos mais velhos. Embora antigos estudos pudessem sugerir benefícios na saúde cardiovascular, a realidade é que o risco de câncer e outras doenças supera qualquer possível vantagem. Para aqueles que realmente desejam cuidar do coração, o melhor talvez seja investir em uma dieta saudável e exercícios regulares em vez de uma taça de vinho.

TBN

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