Decisão ocorre dias depois de o governo também voltar atrás no monitoramento do Pix
Governo negou que vá mudar padrão do prazo de validade Foto: Pixabay
Após o episódio do monitoramento de transações financeiras, quando o governo Lula (PT) revogou uma instrução normativa da Receita Federal depois de ser duramente criticado nas redes sociais, uma nova medida do governo caiu por terra nesta quarta-feira (22) diante da repercussão negativa que recebeu: a alteração na regra do prazo de validade dos alimentos.
Ao longo desta quarta, veio a público a informação de que o governo analisava uma proposta da Associação Brasileira de Supermercados (Abras) para alterar o padrão utilizado no Brasil para apresentar o prazo de validade dos alimentos, que passaria a trazer a informação “de preferência antes de” em vez de “válido até”, como é feito atualmente.
Assim que a notícia começou a circular, a medida passou a ser alvo de críticas nas redes sociais. Internautas afirmaram, por exemplo, que o governo pretendia “fazer a população consumir alimentos vencidos” ou “fazer pobre comer comida velha”. O deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) ironizou a medida e fez referência à picanha prometida por Lula na campanha de 2022.
– A picanha não veio e, se vier, será podre – escreveu o parlamentar.
Em meio à repercussão, o ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa, negou a possibilidade de mexer na regra do prazo de validade dos alimentos adotada no país. Segundo ele, a medida proposta “não é a cultura do Brasil”.
– Uma dessas sugestões é essa [mudança na regra do prazo de validade], e eles relataram lá a existência de prateleiras diferentes ou até de supermercados diferentes que vendem produtos com a validade vencida. Essa não é a cultura do Brasil, não é a prática do Brasil, então não vejo nenhuma possibilidade dessa sugestão específica ser adotada – disse.
Na prática, o modelo proposto pela Abras faz com que a data de validade expirada do alimento não signifique que o produto não está mais adequado para consumo, mas que a qualidade dele terá de ser aferida sensorialmente por quem vai adquiri-lo, visto que o foco do prazo não é dizer se um item é seguro para ser consumido, mas se ele guarda todas as características originais.
De acordo com a associação, o conceito, chamado de best before (melhor antes, em tradução literal), já é praticado nos Estados Unidos, União Europeia, Reino Unido e Canadá.