Presidente falou por 29 minutos e destacou busca pela volta do protagonismo americano
“A era de ouro da América começa agora”. Foi assim que Donald J. Trump iniciou às 14h09 (horário de Brasília) seu discurso inaugural de 29 minutos como 47° presidente dos Estados Unidos. As primeiras palavras do republicano na volta ao cargo refletiram o lema que o conservador traz consigo ao longo de sua vida política: “Make America Great Again” (“Tornar a América grande de novo”, na tradução literal).
Trump quis deixar bem claro, já no início de sua fala, que seu principal objetivo no retorno ao cargo é fazer com que os Estados Unidos voltem a ser respeitados ao redor do mundo, como a potência econômica e bélica que são, sem que ninguém tire vantagem do país norte-americano.
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– Deste dia em diante, nosso país florescerá e será respeitado novamente em todo o mundo. Seremos a inveja de todas as nações, e não permitiremos que tirem vantagem de nós por mais tempo – declarou.
RETOMADA DA CONFIANÇA PERDIDA
Trump prometeu que a nação em breve será “maior, mais forte e muito mais excepcional do que nunca” e que ele retorna ao cargo de presidente “confiante e otimista” de que está “no início de uma nova era emocionante de sucesso nacional”.
– Uma onda de mudanças está varrendo o país – afirmou.
O presidente argumentou também que o governo está enfrentando uma “crise de confiança”, dizendo que um “establishment radical e corrupto” causou estragos na nação por vários anos. Ele afirmou ainda que o governo dos EUA não consegue mais fornecer serviços básicos, apontando para as consequências desastrosas do furacão que destruiu o oeste da Carolina do Norte.
– Tudo isso vai mudar a partir de hoje – assegurou.
O líder conservador ainda disse que sua vitória recente é um “mandato” para reverter completamente o que ele chamou de uma horrível “traição” ao povo americano. Trump afirmou que espera devolver ao povo sua fé, riqueza, democracia e liberdade.
– A partir deste momento, o declínio da América acabou – apontou.
“SALVO POR DEUS”
O conservador também declarou que, nos últimos oito anos, foi “testado e desafiado” mais do que qualquer presidente na história, ressaltando que “a jornada para recuperar nossa república não foi fácil”. O chefe de Estado citou o atentado contra sua vida em Butler, na Pensilvânia, no ano passado, quando uma bala passou de raspão em sua orelha, quase atingindo sua cabeça.
– Minha vida foi salva por uma razão. Fui salvo por Deus para tornar a América grande novamente – resumiu.
IMIGRAÇÃO
Trump também fez uma prévia de uma de suas primeiras medidas executivas sobre imigração, dizendo que declarará uma emergência na fronteira sul e restabelecerá várias das políticas que implementou em seu primeiro mandato.
Ele pontuou que “acabará com a prática de captura e soltura” e designará os cartéis de drogas mexicanos como organizações terroristas estrangeiras.
UNIDADE COMO PAÍS
O presidente americano também destacou o tema de unidade em sua fala, dizendo que agirá com propósito e rapidez para trazer de volta a esperança, a prosperidade e a paz para os americanos de todas as raças, religiões, cores e credos. Para ilustrar isso, Trump citou sua “vitória poderosa” nos estados-pêndulo.
– Às comunidades negra e hispânica, quero agradecer pela tremenda demonstração de amor e confiança que vocês demonstraram por mim com seu voto. Ouvi suas vozes na campanha e estou ansioso para trabalhar com vocês nos próximos anos – acrescentou.
Além disso, o líder pontuou que a nação estava “rapidamente se unificando” em torno de sua agenda, ao mesmo tempo em que delineou o que os republicanos anunciaram como um mandato do povo americano para mudar o status quo. O político disse que seu mandato não esquecerá da Constituição nem de Deus.
– A unidade nacional está agora retornando à América e a confiança e o orgulho estão crescendo como nunca antes. Em tudo o que fizermos, minha administração será inspirada por uma forte busca pela excelência e sucesso implacável. Não esqueceremos nosso país, não esqueceremos nossa Constituição e não esqueceremos nosso Deus – ilustrou.
MEDIDAS ECONÔMICAS
Trump declarou que ordenará que os membros do seu gabinete ataquem a inflação e culpou os gastos do governo e os altos custos de energia pelo aumento dos preços. O presidente não deu detalhes sobre como planeja atacar os preços altos, mas espera-se que ele assine um memorando presidencial sobre inflação. O republicano também disse, no discurso, que revogará a exigência de veículos elétricos da era Biden.
O 47° presidente americano reforçou que “imediatamente” começará a reformular o sistema comercial dos EUA para “proteger os trabalhadores e famílias americanas”, dizendo que em vez de taxar cidadãos “para enriquecer outros países”, o país pretende fazer o contrário, ao “taxar países estrangeiros para enriquecer” seus cidadãos.
Trump também anunciou a criação da External Revenue Service (Serviço de Receitas Externas, na tradução literal) – órgão que terá como objetivo arrecadar receitas do exterior – e do Departamento de Eficiência Governamental, ou DOGE, liderado por Elon Musk.
QUESTÃO DE GÊNERO
A questão de gênero e raça também foi um dos tópicos do discurso inicial de Trump. Ao falar sobre o tema, o republicano declarou que os EUA “esquecerão uma sociedade que não considera a cor e é baseada no mérito” e que a política oficial do governo será de que haverá apenas “dois gêneros”.
– Esta semana também encerrarei a política governamental de tentar aplicar engenharia social à raça e ao gênero em todos os aspectos da vida pública e privada – declarou.
GOLFO DO MÉXICO E CANAL DO PANAMÁ
Trump ainda confirmou que buscará renomear o Golfo do México para Golfo da América, algo que ele já sugeriu antes e um assunto pelo qual alguns de seus aliados no Congresso planejam pressionar, e disse que também reverterá o nome de Denali, no Alasca, para Monte McKinley, o nome que o local tinha antes do ex-presidente Barack Obama renomeá-lo.
A respeito da política externa, o novo presidente destacou que seu “legado de maior orgulho” será como um “pacificador e unificador”, dizendo que é isso que ele quer ser. O chefe de Estado comemorou o cessar-fogo entre Israel e o Hamas e o retorno dos reféns que começou neste domingo (19).
O presidente ainda voltou a expressar seu desejo de reafirmar o controle dos EUA sobre o estrategicamente importante Canal do Panamá, que ele disse estar hoje sobre o comando da China, apesar de o presidente panamenho José Raúl Mulino negar a acusação.
– A China está operando o Canal do Panamá. Não o demos à China, demos ao Panamá. E estamos tomando-o de volta – disse Trump.
FUTURO POSITIVO
Ao encerrar sua fala, o presidente americano disse que “não há nada” que os americanos não possam fazer e nenhum sonho que eles “não possamos alcançar” se trabalharem juntos.
– Muitas pessoas achavam que era impossível, para mim, encenar um retorno político tão histórico; mas, como vocês veem hoje, aqui estou. O povo americano falou – ilustrou.
Por fim, ele disse que está diante dos americanos como prova de que eles “nunca devem acreditar que algo é impossível de fazer”, acrescentando que, “na América, o impossível” é o que eles fazem melhor.
– Estou com vocês, lutarei por vocês e vencerei por vocês – concluiu.
Pleno news - Paulo Moura