Titular das Comunicações foi denunciado ao STF por suposto desvio de verbas da Codevasf; defesa nega irregularidades
O ministro das Comunicações, Juscelino Filho, decidiu pedir demissão nesta terça-feira (8), como apurou a RECORD com fontes próximas a ele. Mais cedo, o ministro foi denunciado pela PGR (Procuradoria-Geral da República) ao STF (Supremo Tribunal Federal), na investigação sobre desvio de recursos públicos destinados a obras da Codevasf (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba) quando ele era deputado federal. A denúncia foi direcionada ao gabinete do relator do caso, ministro Flávio Dino, segundo apuração do R7. A defesa do ministro divulgou nota negando as denúncias.
Juscelino, que é filiado ao União Brasil, almoçou nesta terça com a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, e o presidente do partido, Antônio Rueda. A sigla, no entanto, alega que o encontro estava marcado desde a semana passada e que, portanto, não teve a ver com a denúncia da PGR.
leia mais
Segundo apuração da Polícia Federal, Juscelino teria atuado para beneficiar uma empreiteira vinculada a políticos e apontada como parte de um suposto cartel envolvido em fraudes. As verbas em questão foram destinadas por meio de emendas parlamentares quando o ministro exercia mandato de deputado federal.
Antes mesmo da confirmação oficial da demissão de Juscelino, os ministros Renan Filho (Transportes) e Celso Sabino (Turismo) comentaram, pelas redes sociais, a saída do colega. Sabino também é do União Brasil.
“Desejo que ele exerça o seu direito a ampla, demonstre sua inocência e siga sua trajetória na vida pública”, escreveu Renan, que apagou o post minutos depois de publicá-lo.
Total solidariedade ao amigo Juscelino, que pediu afastamento do Ministério das Comunicações, onde exerceu um excelente trabalho. Espero que tenha a oportunidade de se defender com serenidade, provar sua inocência e seguir com sua trajetória na vida pública”, compartilhou Sabino.
Outras mudanças na Esplanada
O ministro estava à frente das Comunicações desde o início do terceiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva. Juscelino é o oitavo ministro a sair da gestão do petista neste governo. Paulo Pimenta, que comandava a Secom (Secretaria de Comunicação da presidência) foi demitido em janeiro deste ano, após críticas de Lula à condução da comunicação do Executivo. Ele foi substituído pelo publicitário Sidônio Palmeira, responsável pela campanha eleitoral do presidente em 2022.
Em fevereiro deste ano, o petista demitiu Nísia Trindade do Ministério da Saúde e indicou Alexandre Padilha para substituí-la. Ele era o titular das Relações Institucionais e, com a ida para a Saúde, a pasta responsável pela articulação política do governo com o Legislativo foi assumida por Gleisi Hoffmann.
O primeiro nome a deixar o governo foi Gonçalves Dias, em abril de 2023. Ele chefiava o GSI e pediu demissão depois de imagens do circuito de segurança do Palácio do Planalto mostrarem que ele estava no prédio quando a sede do Executivo foi palco de atos de vandalismo em 8 de janeiro.
Em julho do mesmo ano, a então ministra do Turismo, Daniela Carneiro, entregou o cargo, após disputas internas no partido do qual faz parte, o União Brasil. Ela, que é deputada federal, retornou à Câmara e é vice-líder do governo no Congresso.
Dois meses depois, foi a vez de Lula demitir Ana Moser, que comandava o Ministério do Esporte. A decisão do presidente fez parte de um movimento para aumentar o espaço do Centrão no governo federal. A pasta do Esporte foi entregue ao PP. Na mesma tacada, o petista deu o Ministério dos Portos e Aeroportos ao Republicanos e criou mais uma pasta federal na Esplanada, o Ministério do Empreendedorismo, da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte, para acomodar Márcio França, que estava à frente dos Portos e Aeroportos.
Em fevereiro de 2024, Flávio Dino deixou o Ministério da Justiça e Segurança Pública para assumir uma vaga no STF (Supremo Tribunal Federal). Ele foi substituído por Ricardo Lewandowski. Em setembro do mesmo ano, Sílvio Almeida foi demitido por Lula depois de denúncias de assédio sexual.