GOLPISTAS: “Muitos golpes por telefone ou WhatsApp, são orquestrados em presídios”, diz advogada

GOLPISTAS: “Muitos golpes por telefone ou WhatsApp, são orquestrados em presídios”, diz advogada

 Dayse Leopoldino, que atua com direito do consumidor, explica que para quem sofre um golpe desse tipo é importante procurar um advogado para reverter os prejuízos causados


    Foto: Divulgação

No Brasil, a cada hora, mais de 4,5 mil pessoas sofrem tentativas de golpes financeiros. Isso é o que mostrou uma pesquisa feita pela Datafolha divulgada no final do ano passado. Os crimes ocorrem por meio de aplicativos de mensagens ou ligações telefônicas, nas quais normalmente os criminosos se passam por funcionários de bancos. Esse levantamento mostrou que o prejuízo desses golpes chegou a R$ 25,5 bilhões às vítimas em 12 meses. 

A advogada Dayse Leopoldino atua com Direito do Consumidor e conversou com a reportagem do Rondoniaovivo sobre os golpes financeiros em Rondônia. Ela alertou que o advento da internet facilitou a atuação das quadrilhas especializadas nesse tipo de crime. Veja a entrevista:


Quais os tipos de golpes financeiros mais comuns?


Resposta: Os mais comuns incluem:  

- Phishing (e-mails ou mensagens falsas pedindo dados pessoais);  

- Golpes de WhatsApp (perfil clonado pedindo dinheiro a amigos e parentes);  

- Boletos falsos;  

- Falsos funcionários de banco pedindo senhas;  

- Golpes de investimentos falsos;  

- Sites de compras fraudulentos;  

- PIX agendado falso e links de pagamento adulterados.


Como os golpistas conseguem aplicar esses golpes em bancos?  

R- Geralmente, os golpistas se aproveitam de falhas humanas (engenharia social) e, às vezes, de falhas de segurança nos sistemas. Eles convencem a vítima a fornecer senhas, instalar apps espiões ou clicar em links maliciosos. Também existem casos em que informações vazadas de vazamentos de dados são usadas para montar golpes personalizados.

Na sua experiência, qual o perfil dos golpistas? 

R- Muitos são pessoas organizadas em quadrilhas, que operam como verdadeiras empresas do crime. Têm divisão de tarefas: uns criam sites falsos, outros fazem o contato com as vítimas, outros cuidam das contas "laranjas". Há também golpistas individuais, que agem por oportunidade. Eles geralmente são muito bons em manipulação e persuasão.

Existe uma preferência de certa faixa etária de vítimas por parte dos golpistas?  

R – Sim! Idosos são frequentemente alvos por terem menos familiaridade com tecnologia. No entanto, jovens também caem em golpes, especialmente os relacionados a investimentos, oportunidades de renda fácil, ou compras online. O golpe se adapta ao perfil da vítima.

A internet ajudou ou dificultou a aplicação dos golpes?

R- Ajudou muito! A internet ampliou o alcance dos golpistas, permitiu a automação de golpes e facilitou a criação de sites falsos e perfis clonados. Além disso, a velocidade das transações via PIX, por exemplo, torna difícil reverter prejuízos rapidamente.

Como fazer para saber se um site de compras é falso ou verdadeiro?  

R - Verifique se o site tem https:// e cadeado de segurança;  

- Pesquise o CNPJ e veja se ele está ativo na Receita Federal;  

- Consulte reclamações em sites como Reclame Aqui;  

- Veja se o preço está muito abaixo do mercado (sinal de alerta);  

- Evite sites que só aceitam pagamento via PIX ou boleto.  

- Prefira lojas com boa reputação e métodos de pagamento seguros.

Já houve um caso de golpe financeiro que te chamou a atenção? 

R – Sim! um golpe que chocou bastante foi o de uma idosa que perdeu todo o dinheiro da aposentadoria e da poupança acreditando no golpe do “motoboy ", após receber uma ligação. O criminoso usava técnicas de manipulação tão fortes que a vítima acreditava piamente na história que o falso banco inventou sobre o roubo do seu cartão. Casos como esse mostram o quanto é fácil explorar o emocional de alguém.

É verdade que muitos golpistas agem de dentro de presídios?  

R - É verdade! Muitos golpes, especialmente por telefone ou WhatsApp, são orquestrados de dentro de presídios. Os criminosos conseguem acesso a celulares, mesmo com restrições, e operam como se estivessem fora, muitas vezes com apoio de cúmplices do lado de fora.

Como a população pode fazer para se precaver desses golpes?  

R - Desconfie de urgência e pressão por decisões rápidas;  

- Nunca forneça senhas ou códigos por telefone;  

- Ative verificação em duas etapas nas contas;  

- Não clique em links suspeitos;  

- Confirme com a pessoa antes de fazer transferências;  

- Mantenha o antivírus atualizado e desconfie de promoções milagrosas.

As vítimas de golpes não são apenas pessoas, as empresas também?  

R – Sim! Empresas também são vítimas. Golpes como falsos boletos, e-mails com vírus (ransomware), e engenharia social para roubar dados de clientes são frequentes. Algumas empresas já perderam milhões em fraudes bem articuladas.

Quando uma pessoa é vítima de golpe, em nome de uma empresa, a empresa tem que restituir o prejuízo?  

R - Depende do caso. Se a empresa teve falha na segurança ou omissão, pode ser responsabilizada judicialmente. Por outro lado, se a vítima caiu por agir de forma imprudente (como passar senha para terceiros), a empresa pode não ser obrigada a restituir. Cada caso exige análise detalhada.

Qual o papel do advogado para reverter o caso de golpes?  

O advogado pode:  

- Notificar judicialmente a instituição financeira;  

- Ingressar com ação de indenização por danos materiais e morais;  

- Ajudar a localizar os responsáveis e bloquear valores rapidamente;  

- Dar orientação jurídica para tentar minimizar os prejuízos e proteger o cliente.


Qual o conselho que você deixa para as pessoas evitarem ou que passaram por golpe?  

R - Se ainda não caiu: fique atento, proteja seus dados e não confie em mensagens suspeitas.  Se já caiu: procure um advogado o quanto antes, reúna provas (prints, e-mails, extratos) e registre um boletim de ocorrência. É possível reverter alguns casos, mas o tempo é crucial!




Advogada Dayse Lepoldino disse que muitos golpes são aplicados de por detentos de dentro de presídios


Rondoniaovivo

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